A Cozinha Verde, da autoria de Filipa Range, tem como principal missão inspirar para a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis, através da cozinha vegan.
Esta é aquela receita que certamente faz parte da tradição gastronómica de muitas famílias portuguesas, incluindo a minha. É um prato que remete para os domingos da minha infância (o dia em que se fazia o cozido em casa dos meus pais) e que me trás tantas memórias e histórias à volta da mesa.
Agora numa versão mais moderna, continuo a manter a tradição e a relembrar aqueles almoços de família e hoje partilho contigo a nossa receita de cozido 100% vegetal.
Na minha opinião, esta versão vegan do cozido à portuguesa não fica nada aquém da receita original, já que para além de ser extramamente saborosa no final não nos deixa com o estômago pesado. É mais saudável, mais rápida de fazer e permite-nos manter a tradição familiar de forma compassiva.
Apesar desta opinião representar o que sinto, claro que haverá quem discorde. O sabor da carne não se pode equiparar ao sabor do cogumelo Pleurotus (que cozido apresenta uma textura muito semelhante à carne por exemplo) ou de um enchido vegetariano. No entanto, o nosso paladar pode aprender a apreciar outros sabores e, honestamente, acho que toda a magia das receitas está no sabor/texturas dos vegetais e condimentos, muito mais do que no sabor da carne animal.
Como apreciadora deste prato, tanto antes como depois de ser vegan, posso afirmar com toda a segurança que se nós permitirmos (é tudo uma questão de mindset) podemos redescobrir o prazer de comer em novos sabores e texturas. E com o tempo, criamos novos hábitos e gostos!
Posto isto, gostava que desses uma oportunidade a esta receita! O pior que pode acontecer é não gostares (embora ache difícil, se estás aqui certamente já terás a mente aberta) e o melhor que pode acontecer é descobrires que é possível quebrar padrões e crenças antigas com novos (e melhores) hábitos. Depois conta-me o que achaste e o que sentiste quando experimentares em casa esta receita.
Cozido à Portuguesa dos tempos modernos
Vegan
Serve 4 pessoas (e ainda sobra para uma sopa, receita no final)
Tempo total: 60 minutos
Ingredientes
250g de cogumelos Pleurotus
2 dentes de alho
Azeite virgem extra q.b.
2 folhas de louro
Sal marinho q.b.
Pimenta-preta q.b.
Pimentão-doce q.b.
Cominhos moídos q.b.
1/4 de chávena (60ml) de vinho branco
5 batatas brancas médias
5 cenouras pequenas
1 couve lombarda
2 enchidos vegetarianos (uso o chouriço e farinheira da Próvida, das poucas marcas de enchidos vegetarianos que gosto! Encontras à venda online ou em alguns supermercados biológicos.)
Preparação
Aquece o azeite num tacho e junta os alhos esmagados e as folhas de louro. Adiciona os cogumelos Pleurotus (previamente desfiados) e salteia um pouco. Adiciona o vinho branco e deixa ferver.
De seguida, junta ao tacho as batatas e as cenouras (descascadas e cortadas a meio) e a couve lombarda cortada aos pedaços. Tempera a gosto com sal, pimenta, pimentão-doce e cominhos e adiciona água até cobrir todos os ingredientes.
Enquanto os vegetais cozem, prepara os enchidos vegetarianos. Com cuidado para não os desmanchar, retira a película envolvente (não comestível) e reserva-os, inteiros.
Quando os vegetais estiverem na fase final da cozedura, junta os enchidos.
Quando tudo se apresentar cozido, desliga o lume e deixa repousar, com a tampa fechada.
Entretanto, prepara um arroz de feijão e tomate para acompanhar (usei feijão encarnado, mas podes usar outro tipo). Não partilhei aqui a receita do arroz mas se tiveres dúvidas sobre algum passo pergunta dos comentários. :)
Na hora de servir, corta os enchidos em rodelas grossas e dispõe todos os ingredientes numa travessa.
Como fazer Sopa de Cozido?
Com as sobras do cozido (caldo, cogumelos, enchidos e vegetais) podes preparar uma sopa deliciosa e reconfortante. Para fazeres a sopa de cozido, podes cortar os ingredientes em pedaços mais pequenos. Depois, coloca numa panela o caldo e todas as sobras de vegetais (à exceção dos enchidos para não se desfazerem), adiciona mais água e cotovelinhos (ou outra massa que prefiras), ajusta o tempero com sal e pimenta e deixa cozer. No final da cozedura, junta os enchidos.
Desliga o lume e deixa repousar um pouco antes de servir, fica sempre melhor. Podes também adicionar uma folhinha de hortelã, se tiveres!
Espero que gostes e que esta receita te inspire a novas mudanças!
Esta semana fizemos uma jardineira vegana deliciosa com seitan! Já tinha partilhado uma versão deste prato com lentilhas (ver aqui) mas a versão que agora partilho no blog é mais fiel à receita tradicional, pois o seitan simula na perfeição a textura da carne!
Apesar de não usar seitan com muita regularidade na nossa alimentação (dou preferência às leguminosas), adoro a versatilidade deste alimento (sobre o qual já falei no último post) e o resultado nas receitas! Nesta quarentena temos utilizado o seitan mais do que é habitual, mas dias não são dias! :)
Atenção, não tenho nada contra o uso de seitan (ou tofu) na alimentação vegetariana, bem pelo contrário! São fontes proteicas muito válidas e interessantes do ponto de vista nutricional. Contudo, temos tantos outros alimentos disponíveis que substituem a carne (como as lentilhas, as favas, os feijões, o grão-de-bico, etc), que seria tonto limitar-nos a apenas um ou dois alimentos! Para além disso, as leguminosas são mais económicas, e também mais naturais (o seitan e o tofu são ambos alimentos processados, ainda que esse processamento seja ligeiro pois até os podemos produzir em casa!).
Sou vegan há sete anos, e nos primeiros dois praticamente não consumia tofu e seitan! Isto para vos dizer que não faltam ideias de receitas que utilizem as leguminosas, é tudo uma questão de mudança de hábitos alimentares e culinários.
Para finalizar este tópico, deixo duas dicas para quem diz não gostar de seitan: experimentem uma marca diferente (o sabor/textura varia muito) e não se inibam de lhe adicionar temperos! O seitan - à semelhança do tofu - tem um sabor neutro e vai absorver os sabores dos condimentos que adicionarem. Não é obrigatório que o marinem, desde que o temperem bem, sem medos! Boa?
Jardineira vegana | Receita
Serve 4 pessoas
Tempo de confeção: 30 minutos
Ingredientes
500 g de seitan (usei da marca portuguesa Biodharma)
- 2 dentes de alho esmagados
- 1 folha de louro
- Sal marinho, pimenta-preta e pimentão-doce q.b.
- 1/2 chávena (120ml) de vinho branco
Azeite q.b.
1 cebola picada
1 dente de alho picado
1 folha de louro
2 tomates maduros picados
1/3 de chávena (80ml) de passata/tomate triturado
4 cenouras pequenas, cortadas em palitos
4 batatas brancas médias, cortadas em cubos
1 chávena de ervilhas
Água q.b.
Coentros frescos q.b.
Preparação
Cortar o seitan em cubos e colocar num recipiente com o alho esmagado, o louro, o vinho branco, sal, pimenta e pimentão-doce. Deixar marinar no mínimo 30 a 60 minutos, para absorver bem os sabores dos condimentos.
Num tacho, refogar a cebola e o alho com azeite e uma folha de louro.
Adicionar o tomate, seguido da passata/tomate triturado. Temperar a gosto com sal, pimenta e pimentão-doce.
Adicionar a cenoura e água q.b. Deixar cozer aproximadamente 7 minutos em lume médio.
Depois, adicionar o seitan previamente marinado e as batatas. Juntar os líquidos da marinada e cozer em lume médio.
Quando as batatas e cenouras se encontrarem cozidas al dente, adicionar as ervilhas e cozer 7 a 10 minutos.
Se necessário, adicionar mais água durante o processo de cozedura e retificar os temperos.
Desligar o lume e deixar repousar antes de servir.
Na hora de servir, finalizar com coentros frescos picados.
Gostaram desta receita? Deixem o vosso feedback ou dúvidas nos comentários.
Hoje partilho com vocês uma receita deliciosa de panados 100% vegetais! Sem segredos, com poucos ingredientes e muito fácil de confeccionar!
O sucesso da receita depende do tipo de seitan que escolherem (nem todas as marcas são espetaculares), do tempero e da polme! Para simular o sabor do ovo, usei sal negro dos Himalaias (ver nota no final), mas se não tiverem utilizem sal marinho ou outro. Ficará delicioso na mesma.
Para quem não sabe o que é seitan, esta é uma proteína vegetal completa, produzida a partir da farinha de trigo. Não é um alimento que utilize frequentemente, no entanto é fantástico para criar receitas diferentes e recriar pratos mais tradicionais. Se são intolerantes ao glúten - e nesse caso não podem consumir seitan - podem substituí-lo nesta receita pelo cogumelo Pleurotus! A sua textura carnuda e sabor mais neutro resulta igualmente bem em receitas desde tipo.
Vamos à receita?
Panados de Seitan
Vegan
Faz 6 panados
Ingredientes
500g de seitan (usei da marca portuguesa Biodharma)
Para marinar:
1 colher de chá de pimentão-doce
2 colheres de sopa de molho de soja
1 colher de sopa de sumo de limão
1 colher de chá de sal marinho
2 dentes de alho esmagados
Para panar:
1/2 chávena de farinha de grão-de-bico
1 colher de chá de sal negro dos Himalaias - Kala Namak (ver nota no final)
1 chávena de água
Pão ralado q.b.
Para fritar:
Azeite q.b.
Para servir:
Limão (opcional)
Preparação
Corte o seitan em fatias e disponha-as num recipiente.
Adicione o pimentão-doce, o molho de soja, o limão, o sal e o alho e deixe marinar por 30 a 60 minutos. Nota: quanto mais tempo estiver a marinar, mais sabor o seitan irá absorver.
Depois de marinar o seitan, prepare a polme. Para isso, misture numa taça a farinha, o sal negro e a água, com uma vara de arames, até obter uma mistura homogénea. Vá adicionando a água aos poucos, até obter a textura desejada para a polme.
Passe, uma a uma, as fatias de seitan na polme preparada, seguida do pão ralado.
Frite numa frigideira com azeite, em lume médio/alto, de ambos os lados, até obter uma crosta dourada.
Na hora de servir, esprema um pouco de limão, se desejar.
Acompanhe os panados com um arroz de grelos e bom apetite!
Nota final: O sal negro dos Himalaias (Kala Namak) tem um aroma muito parecido com a gema do ovo, devido ao índice de enxofre presente na sua composição, além de um forte sabor sulfuroso, por ser de origem vulcânica. Não tem necessariamente uma cor preta - podendo variar entre preto, rosa e roxo. Apesar de conferir um sabor único, não é essencial na receita, podendo ser substituído pelo sal convencional.
Espero que gostem desta receita! Se a fizerem, partilhem comigo o vosso feedback! Se tiverem alguma dúvida, deixem nos comentários.